segunda-feira, 30 de janeiro de 2012

Médium João de Deus





ISTO É
destaca o médium João de Deus
A capa e a reportagem especial da edição desta semana da revista ISTO É traz como destaque a figura de João Teixeira de Farias -- o médium João de Deus.
Publicamos aqui a matéria do semanário a fim de que cada qual tome nota das atividades deste mediuneiro espiritualistas -- e não exatamente espírita -- e possa tirar suas próprias conclusões do seu trabalho, adora do por uns, condenado por outros e questionado por tantos mais.
Lembramos ainda que João de Deus é a peça daquela que é a postagem mais acessada deste Blog - "Jornalista americana investiga a mediunidade de João de Deus", que até o momento, conta pouco mais de oito mil visualizações.
Veja abaixo a matéria da revista ISTO É na íntegra.

OS PODERES DE JOÃO DE DEUS
Quem é e como atua o médium que faz cirurgias espirituais e atrai pessoas do mundo inteiro para o interior de Goiás em busca de cura dos mais variados males
Por Adriana Nicacio, de Abadiânia, e João Loes - Fotos Adriano Machado

Confira, em vídeo, algumas das cirurgias espirituais “milagrosas” realizadas por João de Deus :









ESPERANÇA
João de Deus atende os visitantes na Casa de Dom Inácio. Na cadeira de
rodas, a menina alemã Lisa-Marie, 12 anos, levada pela mãe para Abadiânia
Abadiânia, cidade goiana distante 78 quilômetros do Distrito Federal, é desprovida de encantos. Não há cinema, teatro, sequer shopping center para entreter seus 13 mil habitantes. Mesmo assim, há mais de 30 hotéis no município e uma concentração de visitantes estrangeiros de causar inveja aos grandes polos turísticos nacionais. O poder de atração dessa localidade de chão batido e ar seco incrustada no cerrado brasileiro é um senhor corpulento, de roupas eternamente brancas e amarfanhadas, 1,80 metro e olhos de um azul profundo conhecido no Brasil por João de Deus. Ou John of God, para seu séquito de seguidores internacionais, que atravessam o oceano em busca de cura para seus males. Há 54 anos, João Teixeira de Faria, 69 anos, analfabeto funcional que nasceu em Cachoeiro da Fumaça (GO), filho de um alfaiate e uma dona de casa, caçula de seis irmãos, é um dos mais famosos e respeitados médiuns em atividade no mundo. Cerca de nove milhões de pessoas, segundo sua própria contabilidade, já se deslocaram até o interior de Goiás para se submeter a suas cirurgias espirituais, uma prática cada vez mais difundida no Brasil. Anônimas e famosas, dos mais variados quilates. O mais recente paciente estrelado é o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, em tratamento de um câncer na laringe.

São necessárias algumas poucas horas em Abadiânia para colecionar relatos de pessoas que mudaram suas vidas sob o impacto do encontro com João de Deus. Médicos renomados que largaram consultórios na Europa para se tornarem assistentes espirituais, executivas de alto escalão que viraram donas de pequenos estabelecimentos comerciais na cidade só para ficar perto dele. Além dos incontáveis relatos de cura de doenças – tumores, dores crônicas, paralisias... A saga do líder espiritual goiano já atravessou fronteiras e foi tema de programa da apresentadora americana Oprah Winfrey (“Você acredita em milagres?) e do canal fechado Discovery Channel, entre outros. Sua fama e seu poder ganharam dimensões continentais e são infinitamente maiores do que o local que ele escolheu para exercê-los. Discreto como ele.




EM AÇÃO
João realiza uma operação nas fossas nasais, uma das
intervenções mais comuns, ao lado das cirurgias de olho
O cenário onde João de Deus realiza suas cirurgias espirituais, ministra seus passes e recebe milhares de pessoas semanalmente (cerca de duas mil) é a Casa de Dom Inácio, uma construção azul e branca de mais de 12 mil metros quadrados que fica na rua principal da parte nova da cidade. Lá o médium atende três vezes por semana, às quartas, quintas e sextas-feiras, das 8h às 12h e das 14h às 17h. O interior da construção é adornado com imagens de Jesus Cristo, Nossa Senhora, Santa Rita de Cássia , Santo Inácio de Loyola e do próprio João de Deus, mas também há cristais e outros objetos holísticos. Para entrar na casa, é necessário estar vestido de branco. A entrada se dá pela secretaria, onde o visitante é orientado a preencher uma ficha com seu caso: primeira vez, segunda vez, revisão ou agradecimentos. Em seguida, é encaminhado a um pátio coberto, com cerca de 200 cadeiras de plástico, dispostas em frente a um palco, onde voluntários fazem a primeira prece. Nesse momento, recebe algumas orientações, como, por exemplo: “Os três medicamentos são sono (é importante dormir entre as 22h e 23h); alimento (não se deve comer somente pelo prazer) e pensamento (somos o que pensamos).

Pontualmente às 8h ocorre a primeira oração, composta de palavras meditativas seguidas do pai-nosso. Em seguida, o médium, também vestido com a cor oficial local, atende aos visitantes sentado numa poltrona. Filas de pessoas passam por ele, sem muito tempo para explicar seu caso. Recebem uma receita do medicamento passiflora – uma planta que teria efeito calmante, manipulada na farmácia da casa – e a indicação de voltar à tarde ou ir para a cirurgia espiritual. Intervenção que pode ser com corte ou sem corte. A escolha é do cliente. “Não é necessário fazê-las com corte. Tem gente que só acredita vendo. Mas são raras. A causa da doença está no espírito, com efeito no corpo”, diz João de Deus. As cirurgias mais comuns na Casa de Dom Inácio são as de olho e fossas nasais, mas o líder religioso faz todo tipo de operação, com e sem faca. Procedimento que causa desconforto entre os espíritas tradicionais, que não estimulam as cirurgias espirituais com corte. “A gente conhece a legislação do País sobre o assunto e não recomenda, mas reconhecemos que, em alguns casos, ela pode funcionar, pois há muitos médiuns que manifestam o dom da cura”, diz César Perri, diretor da Federação Espírita Brasileira.




CURA
Médico e professor da UnB, Ícaro Batista chegou à Abadiânia com
diagnóstico de câncer de próstata avançado. Anos depois, se diz curado.
“Estou novinho em folha”
Para as cirurgias sem corte, o paciente recebe o passe, uma espécie de transmissão de energia. E segue para a meditação. No caso de corte, João de Deus pega uma faca de cozinha, para a raspagem do globo ocular, e uma agulha ou pinça de pressão com algodão cheio de água fluidificada – água abençoada – para introduzi-la pela fossa nasal. As cirurgias costumam durar cerca de dois minutos, mas podem demorar até 15. O paciente não emite um gemido de dor e é encaminhado numa cadeira de rodas para o repouso. O psiquiatra Frederico Camelo Leão, do Núcleo de Estudos de Problemas Espirituais e Religiosos da Universidade de São Paulo (Neper/USP), tem uma explicação para esse fenômeno. Segundo ele, uma cirurgia espiritual pode ser, basicamente, um conjunto de transes. “Não é à toa que a operação só acontece depois de várias visitas do paciente, que vai se tornando cada vez mais receptivo ao que lhe for apresentado”, afirma. Isso esclarece a predisposição à hipnose, por exemplo, que tem força para eliminar a dor dos cortes. Mesmo tendo na ponta da língua a explicação científica, o médico reconhece a dimensão dessas curas espirituais. “Tem muita gente relatando melhora, é um fenômeno digno de ser estudado.” Há 1,5 mil leitos para descanso na construção. As pessoas são instruídas a voltar para a revisão após 40 dias. Se a recuperação foi a contento, recebem alta. Nesse momento, são instruídas a fazer todos os exames necessários para constatar a inexistência da doença. João de Deus é contra abandonar a medicina convencional. “De forma alguma é recomendado suspender a medicação prescrita pelos médicos”, diz.

Na maioria das vezes, só se submete à cirurgia com corte quem já frequenta a casa há algum tempo. Mas esse não foi o caso do fisioterapeuta holandês Sebastian Wawerek, 30 anos. Ele diz que toda a sua vida sofreu de sinusite, com os sinos bloqueados. “Estava de férias em Buenos Aires e um amigo da Ucrânia me falou dele; por isso eu vim. Pedi a operação visível, porque acredito que só assim ele poderia resolver meu problema. Estou respirando muito melhor”, disse o holandês, deitado em repouso com um algodão no nariz, por onde entrou uma pinça cirúrgica de 15 centímetros. Quatro dias depois, Wawerek ainda sentia os benefícios da respiração desobstruída. “Acho que será permanente”, acredita. O médico austríaco Zsolt Pap de Pestény, 67 anos, diz ter se livrado de um câncer de cólon. “Fiz 11 operações na Áustria, antes de chegar aqui quase morrendo. Em três meses me curei, não pretendo ir embora”, garante Pestény, que se aposentou no país natal e agora é voluntário na casa.




MUDANÇA
A administradora paulista Moema Vilar é dona do restaurante Alquimia e frequenta a
Casa Dom Inácio desde 2007, quando levou o namorado para se tratar com João de Deus
Na Casa de Dom Inácio é comum encontrar médicos que acreditam na cura através de João de Deus. Caso de Ícaro Batista, 62 anos, professor na Universidade de Brasília (UnB), que diz ter se curado de um câncer de próstata em estado avançado por meio do médium goiano. “Posso afirmar que se não fosse o tratamento espiritual não estaria novinho em folha”, afirma Batista, que desde 2005 passa quatro dias em Brasília e três em Abadiânia. Em junho de 2011, a médica dinamarquesa Charlotte Bech Lund decidiu investigar o fenômeno João de Deus. “Vim, porque muitos pacientes meus vieram, melhoraram e voltaram para concluir o tratamento comigo, mas sem remédios”, afirma Charlotte, que voltou ao Brasil para passar as três primeiras semanas de janeiro em Abadiânia. “Cheguei ao topo da carreira prescrevendo receitas e vendo os efeitos colaterais que os medicamentos causam. Aqui, com passiflora, as pessoas se curam. É algo transcendental”, diz a dinamarquesa, que engrossa as estatísticas da Casa Dom Inácio: 80% dos visitantes são estrangeiros.

Apesar de atrair profissionais de saúde, João de Deus não esconde sua mediunidade. Ele tinha 8 anos quando as primeiras manifestações teriam começado. “Demorou muito para eu acreditar nas coisas que via e sentia”, afirma. Só aos 16 anos diz ter aceitado sua missão, ao ter uma visão com Santa Rita de Cássia e seguir para um centro espírita em Campo Grande (MS). Depois, passou algum tempo com o médium Chico Xavier, a quem chama de “papa do espiritismo”. “Íamos em caravanas para o interior de Minas e Goiás”, diz. Foi, segundo ele, Chico Xavier quem lhe pediu para que não deixasse Abadiânia, apesar das perseguições que sofria na cidade, acusado de exercício ilegal da medicina. Em bilhete datado de 18 de setembro de 1993, Chico diz: “Prezado João, caro amigo, Abadiânia é abençoado recinto de sua iluminada missão e de sua paz.” Na época em que João de Deus sofria perseguições, a Constituição combatia o charlatanismo, o curandeirismo e o exercício ilegal da medicina. Atualmente, a nova Constituição, em vigor desde 1988, prioriza a liberdade religiosa, o que tornou a fiscalização das cirurgias espirituais mais complicada. “Hoje a vigilância é feita só quando alguém faz uma denúncia, o que é bem mais raro”, diz o vice-presidente do Conselho Federal de Medicina, Emanuel Cavalcanti.




REPOUSO
Após a cirurgia, os pacientes são encaminhados para
o descanso. Há 1,5 mil leitos na Casa de Dom Inácio
João de Deus, alcunha recebida em 1977, realiza cirurgias espirituais e promove passes, mas se diz católico. Foi ordenado padre pela Full Life Fellowship, uma organização religiosa americana que reúne diversas igrejas cristãs. E seus seguidores afirmam que ele é acompanhado por 30 espíritos diferentes. Assunto vetado pelo médium. “Se alguém diz que incorpora essa ou aquela entidade, fuja. Está mentindo”, afirma. De todo modo, o ecumenismo reina na casa azul e branca da empoeirada Abadiânia. Para lá se dirigem pessoas de todos os credos, ávidas por aliviarem suas aflições ou apenas se aproximarem do líder espiritual. Caso da apresentadora Xuxa, que esteve no local para gravar um programa e acabou atendida por João de Deus. “Ele é um iluminado”, disse, à época. A galeria de famosos é invejável e intercontinental. Quem abriu as portas de Hollywood para João foi a atriz Shirley MacLaine, que declarou ter se curado de um tumor abdominal em 1991 por meio dele. A partir daí a fama do religioso goiano ganhou o mundo. Ele iniciou a construção de duas casas, uma na Alemanha e outra na Itália, e é convidado a operar, pelo menos uma vez por ano, em centros holísticos nos Estados Unidos, na Suíça e na Áustria.

O empresário Marcus Elias, controlador do fundo Laep Investiments e um dos donos da Parmalat, conhece João de Deus há mais de 20 anos, quando levou um familiar com câncer para ser atendido. “Ele se curou e fiquei tão impressionado com aqui­lo que sempre que me deparo com pessoas com diagnóstico terminal levo ao seu João”, diz. Elias coleciona histórias de suas idas à Abadiânia. “Vi paraplégicas que voltaram a andar, cura de câncer... Conheço pessoas notáveis, mas talvez o João de Deus seja a mais notável de todas.” Fundador do Comitê Científico para Investigação de Afirmações Paranormais, o americano James Randi olha com ressalva as pilhas de testemunhos sobre o médium goiano. “O problema é que se recorre demais aos pacientes para entender o fenômeno”, diz. “Claro que eles dirão que estão melhores ou curados.” O ator Marcos Frota chegou a ser assistente do líder espiritual. O encontro se deu em 1996, quando o religioso foi assistir a um espetáculo do circo de Frota, em Goiânia. “Nunca vi exploração. Ele é uma pessoa muito simples, tranquila e sem performance.”




CURIOSIDADE
A médica dinamarquesa Charlotte Bech Lund decidiu investigar o
fenômeno João de Deus atraída pela melhora de seus pacientes
Nos dias em que não atende, João fica em sua fazenda em Anápolis, distante 40 quilômetros de Abadiânia, com a mulher Anna, com quem é casado há nove anos. Tem nove filhos, de mulheres diferentes. Motivo de arrependimento para ele, pois gostaria de ter tido filhos apenas com Anna, com quem não tem nenhum. “Sou apenas um homem. E, como homem, também erro”, diz. Em sua propriedade há criação de galinha, porco e gado, além de plantação de arroz, feijão e soja. Também possui um garimpo em Nova Era, Minas Gerais, em sociedade com um empresário local. A Casa de Dom Inácio não lhe garante rendimentos. O médium não cobra pelo atendimento nem pelas cirurgias, apenas pelo medicamento passiflora – a caixa com 175 comprimidos custa R$ 50. A farmacêutica da Dom Inácio, Bárbara Saraiva, diz que os comprimidos de passiflora são os mesmos vendidos em qualquer farmácia. “A diferença é a energização que, aqui, os remédios recebem”, afirma.

A Casa de Dom Inácio tem área de descanso com vistas para um mirante, livraria, lanchonete, farmácia e sala de banho de cristal. Além da cirurgia, os visitantes também podem participar do banho de cachoeira, uma bica d’água natural a aproximadamente um quilômetro do prédio principal. A instituição mantém a Casa da Sopa, que distribui cesta básica, roupas e brinquedos. O gerente financeiro da casa, Hamilton Pereira, secretário de Finanças do município e ex-prefeito de Abadiânia, afirma que os gastos mensais da instituição giram em torno de R$ 90 mil. “Às vezes ele tem de tirar do próprio bolso para pagar as contas”, afirma Pereira.




VENDA
O médico não cobra pelo atendimento nem pelas cirurgias.Apenas pelo
medicamento passiflora – a caixa com 175 comprimidos custa R$ 50
Atualmente, a Casa de Dom Inácio emprega mais pessoas que a prefeitura local, que tem 436 funcionários. “Essa parte da cidade só existe porque João de Deus está aqui”, garante o ex-prefeito. O turismo espiritual inchou a região. O comércio está voltado para atender às necessidades dos visitantes, que precisam de roupa e calçados brancos para vestir durante a estadia, de um ambiente harmonioso nas pousadas e de alimentação especial. Dona do restaurante Alquimia, a administradora paulista Moema Vilar, 34 anos, frequenta a casa desde 2007, quando veio com o namorado, vítima de câncer na coluna. Viu o companheiro sobreviver mais dois anos e meio – ele morreu em 2009, aos 33 anos, com 11 pontos de metástase no corpo e pouca dor – e decidiu morar no município em outubro do ano passado. “Abri o restaurante porque preciso viver. Mas não estou aqui para ficar rica. Se fosse esse o objetivo voltaria ao meu antigo emprego na avenida Paulista”, afirma. O comerciante Falciney Claudino de Castro, também com 34 anos, tem uma loja de acessórios de cristais e roupas brancas. “Tem muita gente que compra o armário completo aqui”, diz. “Não sei o que será de Abadiânia quando João de Deus morrer. A economia da cidade vai para o buraco”, afirma o prefeito Itamar Vieira Gomes.

João de Deus, por sua vez, diz que está pronto para viver pelo menos mais 30 anos. “Eu quero chegar aos 100”, garante. Apesar de realizar curas, ele tem problema de coração. Já colocou três stents e, atualmente, tem tido febre. Nada que altere sua disposição. O médium tem viajado a São Paulo, a fim de atender o ex-presidente Lula. “Mas não vou falar dele. Já viu médico falando de paciente?”, diz. Sobre Lula, apenas garante que o novo amigo será presidente do Brasil novamente e afirma que está orando por seu restabelecimento.



DEVOÇÃO
A figura de João de Deus está nas paredes da Casa de Dom Inácio,


ao lado da imagem de Jesus Cristo, Nossa Senhora e alguns santos
Para quem crê na força de João, o poder de sua oração tem dimensões concretas. Caso da alemã Beate Obermeier, 45 anos, que chegou ao interior de Goiás pouco antes do Natal com a filha Lisa-Marie, 12 anos, numa cadeira de rodas. Há seis anos, a menina entrou em coma e quando voltou, acordou sem falar, ouvir, comer ou conseguir segurar o próprio pescoço. Em duas semanas de tratamento, passou a comer, a ouvir e até a desenhar. “Só temos a agradecer aos espíritos de luz que encontramos aqui”, diz Beate. Para a mãe que assiste à melhora da filha, não há dúvidas. Mas João de Deus sabe que, para cada Beate, há milhares de incrédulos. Para esses, tem uma resposta pronta: “Não sou eu que curo. Quem cura é Deus. Muitos não acreditam, poucos acreditam, e um número expressivo tem dúvidas. Mas recorro à manifestação de Santo Inácio de Loyola: ‘Para quem acredita, nenhuma palavra é necessária; para quem não acredita, nenhuma palavra é possível.”




DEPENDÊNCIA
Abadiânia, perdida no cerrado goiano, orbita em torno da figura de João de Deus.
“Não sei o que será da cidade quando ele morrer”,
afirma o prefeito Itamar Vieira Gomes
















sexta-feira, 27 de janeiro de 2012

A TRANSIÇÃO PLANETÁRIA












Recebi um artigo por e-mail que li com muita atenção e o considerei de grande importância e seriedade para a época atual que vivemos, porquanto fala de coisas que vêm ao encontro daquilo que vislumbro há muito tempo e não o devemos rejeitar ou rotular de pertencer a alguma Seita ou Religião.

Deste modo, resolvi fazer esta página personalizada para dá-lo a conhecer a toda a gente, tendo melhorado alguns parágrafos para melhor divulgação, mantendo no entanto a sua originalidade e objetividade. Assim...








A transição planetária não será o fim do Mundo, mas sim o fim da nossa atual civilização. Estamos ultrapassando um ciclo evolutivo, e temos que estar preparados para o Novo Mundo que está para surgir. A transição pode ser bem representada pela metáfora da lagarta que termina seu ciclo evolutivo para entrar em seu casulo onde sofre uma alteração orgânica e se transforma na formosa borboleta.

É basicamente isso que irá acontecer na Terra, onde teremos que passar ainda por longas provas e iremos sofrer todos com as alterações climáticas e os cataclismos que se intensificarão ou antecederão o ponto máximo da transição planetária, que culminará decerto com uma mudança total em toda a estrutura material.

Logo após os cataclismos haverá uma mudança vibratória a nível atômico, nada escapará dessa mudança vibratória! Por isso temos que nos preparar, elevando-nos espiritualmente, praticando o desapego material e o amor universal. Acima de tudo, devemos re-ligar nossas vidas a Deus, o Criador do Universo. Só assim estaremos prontos para passar uma difícil prova.

Os Seres Supraplanetários já haviam calculado que se não houvesse a transição planetária, toda humanidade estaria condenada a morrer lentamente, pois nosso Planeta está ficando doente, e a causa maior dessa doença, talvez a única, chama-se : Civilização Terrestre!






O homem polui e destrói cada vez mais o Planeta onde vive e tudo faz em nome do chamado "Progresso Material", não parando de agredir a Natureza e todos os Reinos Animal e Vegetal. Para que possamos ter uma vida de conforto, muitos seres foram sacrificados, florestas inteiras destruídas, o lixo e os detritos contaminam leitos e oceanos, milhares de espécies foram extintas e milhões de animais são chacinados diariamente para uma alimentação degenerada contrária à humana condição.

A camada do ozônio está mais instável do que nunca, os degelos polares já começaram e se intensificam cada dia que passa, devido ao aquecimento global causado pela Poluição. A Natureza se agita também em suas entranhas e o Orbe tende a mudar de posição. Os seres humanos porém (na sua maioria) não entendem os 'sinais' dos tempos que vivemos e nem se preocupam com o que se aproxima, pois a luta pela sobrevivência se concentra mais nos bens materiais que apesar de serem legítimos desviam as atenções dos graves problemas ambientais e do eventual fim da Civilização.

A verdade é que o homem com o seu livre arbítrio violou as Leis da Natureza e a Ordem Universal, evoluindo mais no sentido científico e tecnológico do que moral e espiritual. Em face disso degenerou há muito de sua condição e tornou-se o pior dos seres vivos que está levando o Mundo à destruição. O Planeta está pois em PERIGO! Fala-se inclusive de um "Astro Intruso" de grandes dimensões que muitos chamam de Nibiru ou Planeta X (pertencente a outro sistema solar vizinho ao nosso) que se aproxima da Terra, com o fim de 'higienizá-la' à sua passagem, atraindo para si tudo o que se identifica com seu estado vibratório primitivo, semelhante ao da Terra há milhões de anos. Poderá mesmo haver uma grande atividade solar que alcançará seu auge em 2012, segundo os cientistas, não se sabendo se tem a ver com a presença deste 'corpo estranho' que se aproxima do nosso Orbe.








A verdade é que tudo indica que algo apocalíptico vai acontecer nos próximos anos, podendo haver uma grande mudança na Terra, necessária de resto para o alvorecer duma Nova Era. A 'transição planetária' será feita a todos os níveis e todos passarão por ela (seres humanos e animais) pelo que temos de estar preparados para os "tempos difíceis" que virão, tal como estavam profetizados há muito e só poucos deram atenção.

Infelizmente, muita gente vai ainda continuar a degenerar até ao fim, aproveitando o tempo que lhe resta para fazer todo o gênero de disparates tirando algum partido da situação, pouco se importando de resto com seu estado evolutivo e o futuro da Civilização, mas seria bom que todos parassem para pensar e mudassem o rumo de suas vidas para fazerem parte do Novo Mundo, com outro estado de vibração.

Na verdade, está escrito no livro do Apocalipse (o livro da Revelação):"Eu vi um novo céu, uma Nova Terra..." depois dos dias de grande atribulação!



Livros sobre o assunto






Transição planetária

Manoel Philomeno de Miranda


Formato: 14X21
Estamos no limiar da grande transição, em que o nosso planeta passará da condição de mundo de provas e expiações para mundo de regeneração. Isso já constava no planejamento celestial há muito tempo e não se dará, obviamente, num passe de mágica, pois se trata de um processo de transformação lento e gradual, porém, impostergável.

As tragédias naturais, como o tsunami do Oceano Índico – objeto de nossas considerações – fazem parte desse processo, pois elas têm o objetivo de fazer a Humanidade progredir mais depressa, através do expurgo daqueles Espíritos calcetas, refratários à ordem e à evolução moral e espiritual, que já não podem mais ser retardadas. Eles passarão algum tempo em outras esferas, aprendendo as leis do Amor e do Bem, até que tenham condições de retornar ao nosso planeta, para dar seu contributo em benefício do progresso da Humanidade.

Nesta extraordinária obra, o leitor conhecerá os mecanismos e as razões de Ordem Superior da transição planetária, em favor das mudanças urgentes e necessárias que promovam o respeito às leis à ética e à Natureza, transformando o homem num ser integral, consciente dos seus deveres para com Deus, consigo próprio e o próximo.








Depois dos romances, "DESPEDINDO-SE DA TERRA" e "ESCULPINDO O PRÓPRIO DESTINO", Lúcius completa esta TRILOGIA TEMÁTICA apresentando seu novo livro no qual os Espíritos Bezerra de Menezes, Jerônimo e Adelino oferecem um panorama sobre os importantes momentos vividos pela humanidade atual, revelando o processo de separação do "Joio e do Trigo" já em andamento, além de tecerem comentários sobre as circunstâncias de vida que sejam mais ou menos favoráveis à construção de um futuro melhor, nos instantes cruciais da seleção espiritual predita por Jesus.

Para isso, tais Espíritos tomam as palavras do Divino Mestre como augusta referência, revelando ao leitor um verdadeiro roteiro para a salvação, com preciosas informações evangélicas visando o despertamento do Idealismo, das virtudes do Amor e da Mansuetude, do Arrependimento e da Força de Vontade no Bem.








Transição Planetária, por André Luiz Ruiz




Programa Transição, apresentado por Del Mar Franco, exibido pela Rede Tv e retransmitido pela Tv Mundo Maior. Nesse programa, o entrevistado é André Luiz Ruiz, que fala da Transição Planetária na visão Espírita.
No primeiro programa, André Luiz nos fala das transformações naturais que o planeta deverá passar, para passar de planeta de expiação para planeta de regeneração. Imagens interessantes para reflexão.
No segundo programa, André Luiz nos explica quais são as carcterísticas do mundo de regeneração, o mundo que nos espera após a transição.
Estamos sendo chamados para o trabalho de última hora, estamos preparados para as mudanças? É a hora da escolha!
Muito interessante.


Livros de André Luiz Ruiz - Pelo Espírito Lucius



Cada vez mais intenso se observa o esforço do mundo espiritual para o despertamento dos encarnados, enquanto boa parte da humanidade prefere a hipnose alienante.
Quando Jesus concitou ao trabalho da última hora, assegurou que os que a ele se entregassem encontrariam a luta no bem como prova de sua determinação e o salário do obreiro fiel como resultado de seus esforços.
Escoando-se os minutos da última hora, Lucius prossegue sua mensagem de otimismo, estímulo e conscientização, demonstrando ao leitor que a plêiade de almas luminosas está a postos, no aguardo das mãos e corações humanos que aceitem os avisos e chamamentos.
Entre os poucos acordados e os muitos adormecidos, No Final da Última Hora quer cooperar para que os que dormem despertem e os que já estão na lida do bem não se cansem, porquanto somente isso é que vai fazer com que, dentro os muitos chamados, alguns sejam escolhidos.
No Final da Última Hora vai inspirar os lúcidos e incomodar os acomodados, em continuação da série “Transição Planetária” composta por Despedindo-se da Terra, Esculpindo o Próprio Destino e Herdeiros do Novo Mundo.




Herdeiros do Novo Mundo
Espírito: Lucius
Psicografia: André Luiz Ruiz
FINAL DOS TEMPOS, SALVAÇÃO, COMPORTAMENTO HUMANO, ROTINAS RELIGIOSAS, SOCIAIS, FAMILIARES, ESCOLHIDOS, ELEITOS, EXILADOS, CONDENADOS…
Depois dos romances, “DESPEDINDO-SE DA TERRA” e “ESCULPINDO O PRÓPRIO DESTINO”, Lúcius completa esta TRILOGIA TEMÁTICA apresentando seu novo livro no qual os Espíritos Bezerra de Menezes, Jerônimo e Adelino oferecem um panorama sobre os importantes momentos vividos pela humanidade atual, revelando o processo de separação do “Joio e do Trigo” já em andamento, além de tecerem comentários sobre as circunstâncias de vida que sejam mais ou menos favoráveis à construção de um futuro melhor, nos instantes cruciais da seleção espiritual predita por Jesus.
Para isso, tais Espíritos tomam as palavras do Divino Mestre como augusta referência, revelando ao leitor um verdadeiro roteiro para a salvação, com preciosas informações evangélicas visando o despertamento do Idealismo, das virtudes do Amor e da Mansuetude, do Arrependimento e da Força de Vontade no Bem.





Esculpindo o próprio Destino
Espírito: Lucius
Psicografia: André Luiz Ruiz
O que aguarda o Político famoso quando regressa à Vida Espiritual?
Como as forças invisíveis atuam sobre os representantes do Povo reunidos no Congresso Nacional?
O que é a Lei do Ventre Livre?
Câncer: o que pode favorecer o seu desenvolvimento e como ajudarmos na sua cura?
Como os Espíritos Protetores ajudam seus tutelados e de que modo as entidades missionárias penetram nos abismos para resgatar os seres amados?
Qual o destino dos que se prostituem ou têm vida leviana?
Esses e muitos outros assuntos, sob a ótica do Mundo Espiritual, estão costurados nesta história envolvente e reveladora, que Lucius traz até você no desejo de informá-lo para que não desperdice a oportunidade de Bem Viver.





Despedindo-se da Terra
Espírito: Lucius
Psicografia: André Luiz Ruis
Desencontros amorosos, competições profissionais, atitudes vingadoras, ambições materiais, disputas de poder, jogos sexuais, conflitos afetivos, são o cenário diante do qual nossos comportamentos são avaliados perante as leis espirituais para definição de nossos destinos.
Quando chega o momento de tais exames morais, as situações da vida e nossas ações e reações diante delas se convertem em asas ou algemas para nosso futuro.
Você decidirá, com seu comportamento, se esta encarnação atual é a garantia de sua permanência neste mundo ou se, pelos desatinos repetidos desta e de outras vidas, não estará, infelizmente sendo exilado para um mundo mais inferior, DESPEDINDO-SE DA TERRA.





terça-feira, 10 de janeiro de 2012

PESQUISAS CIENTÍFICAS SOBRE A REENCARNAÇÃO






PESQUISAS CIENTÍFICAS SOBRE A REENCARNAÇÃO
O jornalista Tom Shroder, autor do livro Almas Antigas, acompanhou as pesquisas do dr. Ian Stevenson sobre reencarnação. Ele falou conosco a respeito de seu trabalho, sobre a resistência da ciência em investigar o assunto e como sua vida se transformou após esse contato com o tema.

- Gilberto Schoereder -
No Brasil, as pesquisas científicas sobre reencarnação têm sido realizadas principalmente pelo dr. Hernani Guimarães Andrade e pelo dr. João Alberto Fiorini, cujas investigações vêm sendo publicadas pela Espiritismo & Ciência. Nos EUA, a linha de frente dessas pesquisas está a cargo do dr. Ian Stevenson, médico psiquiatra que há décadas vem coletando relatos de possíveis casos de reencarnação em todo o mundo.

Quem quiser conhecer melhor o trabalho do cientista norte-americano, vai encontrar informações muito interessantes no livro Almas Antigas (Ed. Sextante). É mais uma boa oportunidade para se discutir a participação da ciência e as investigações com metodologia científica sobre a reencarnação.

O livro foi escrito pelo jornalista Tom Shroder - editor do conceituado jornal norte-americano The Washington Post - e apresenta as pesquisas de Stevenson, a quem o jornalista acompanhou em diversas viagens pelo mundo. Entre outras coisas, o que o livro mostra é que o pensamento científico só tem a ganhar se conseguir se abrir para novas possibilidades. Além disso, existem cientistas de peso realmente preocupados com questões que, até pouco tempo atrás, eram consideradas como pertencentes apenas ao campo do espiritualismo. O próprio dr. Stevenson, ainda que pouco fale publicamente sobre o tema, deixou bem claro que não se importa com o que os colegas cientistas possam pensar a respeito de seu trabalho, uma vez que está plenamente consciente de que vem agindo com o maior rigor científico possível.

Também é preciso que se diga que, nos últimos tempos, vários cientistas têm demonstrado um interesse verdadeiro em aproximar a ciência de conceitos espiritualistas milenares - mesmo que isso tenha ocorrido mais no aspecto teórico e conceitual. O resultado dessa aproximação tem sido, em muitos casos, a descoberta de noções que já existem há centenas ou milhares de anos, e que só recentemente a ciência tem conseguido conceber e desenvolver.

O caso do dr. Stevenson talvez seja apenas mais claro, mais nítido, uma vez que ele foi a campo recolher testemunhos, e suas pesquisas parecem ter ido mais longe do que a maioria dos cientistas. Recusando-se a se apoiar apenas em teorias, ele passou trinta e sete anos viajando pelo planeta, coletando testemunhos de crianças que alegam ter lembranças nítidas de outras vidas. Não é um procedimento inédito, mas a diferença é que nenhum dos casos estudados estava sob influência de hipnose, da mesma forma como as informações fornecidas podiam ser facilmente verificadas, uma vez que se referiam a existências passadas, porém recentes, e não distantes no tempo, como a Idade Média ou o antigo Egito.

Sem Dogmatismo

Segundo Shroder, um dos aspectos marcantes em Stevenson e que chamou sua atenção é sua postura absolutamente pé-no-chão, verificando minuciosamente as informações obtidas nas entrevistas. E também, quando passou a pesquisar a obra do cientista, o jornalista percebeu que outros cientistas em várias partes do mundo o tinham em alta consideração, apesar de seu nome ser muito pouco conhecido fora do meio acadêmico.

Stevenson jamais deixou de considerar as possibilidades contrárias, aquelas que poderiam deitar por terra qualquer realidade do fenômeno da reencarnação: como, por exemplo, se os pais das crianças interrogadas pudessem, mesmo inconscientemente, estar passando informações a elas. Quando Shroder perguntou a Stevenson sobre essa possibilidade, ele simplesmente respondeu: "Essa idéia nunca deixa de assombrar meus pensamentos". Em outras palavras, não se trata, em hipótese alguma, de uma pesquisa viciada, com uma só direção, mas que está sempre levando em consideração todas as variáveis possíveis.

O pesquisador também vê, com uma clareza raramente encontrada, os problemas pelos quais a ciência passa atualmente. Já em 1989, em palestra proferida na Southeastern Louisiana University, ele dizia: "Para mim, tudo em que os cientistas acreditam agora está aberto a mudanças, e eu fico consternado ao perceber que muitos aceitam o conhecimento atual como algo imutável". E mais: "Se os hereges pudessem ser queimados vivos nos dias de hoje, os cientistas - sucessores dos teólogos, que queimavam qualquer um que negasse a existências das almas no século XVI - hoje queimariam aqueles que afirmam que elas existem". Uma postura confirmando a suspeita de muitos de que a ciência, em vários aspectos, tornou-se tão dogmática quanto as religiões dos séculos passados, tornando-se uma espécie de religião moderna.

Formado em medicina no Canadá pela Universidade McGill em 1943, Stevenson se especializou em psiquiatria e, em 1957, tornou-se chefe do departamento de psiquiatria da Escola de Medicina da Universidade de Virgínia, onde começou a estudar crianças que se lembravam de existências passadas e se dedicou totalmente à pesquisa de fenômenos paranormais. Quando Tom Shroder começou a investigar as publicações científicas à procura de referências sobre o trabalho do dr. Ian Stevenson encontrou, ao lado de cientistas que não aceitavam as provas de Stevenson sobre reencarnação, uma série de pesquisadores que o consideravam um precursor, um homem que iniciou investigações científicas em temas que, até então, eram considerados tabus.

Um deles chegou a compará-lo a Galileu, o que talvez não seja tão exagerado, uma vez que hoje em dia também é preciso coragem para enfrentar o dogmatismo da comunidade científica.

Outra Postura

Talvez alguma coisa esteja realmente mudando na ciência. A quantidade de estudiosos investigando casos ligados à paranormalidade vem aumentando, e a postura de importantes teóricos tem reforçado esses posicionamentos. É verdade que esse não é um movimento tão recente, tendo começado com o pensamento de Fritjof Capra e, mais recentemente, ganhando o apoio de cientistas importantes como Ilya-Prigogine, que estabelece paralelos consistentes entre a antiga filosofia hindu e as modernas teorias da física quântica - capazes de serem aplicadas com sucesso na explicação de assuntos cabeludos, como a reencarnação, fenômenos parasicológicos, a existência de universos paralelos e dimensões alternativas de realidade.

Mas não há dúvida de que, para a ciência, em seus aspectos mais ortodoxos, o que conta é a experimentação, a existência de provas conclusivas, a possibilidade de repetir experiências em ambientes, situações e momentos diversos. Stevenson, como qualquer cientista moderno que conhece o terreno em que está pisando, sabe que existem temas de pesquisa que simplesmente não se encaixam nessas exigências. Ele viajou para a Índia, para o Oriente Médio e muitos outros locais coletando informações, entrevistando as crianças e anotando os dados por elas fornecidos, para só depois partir numa verdadeira investigação policial e reconstituir a vida passada à qual elas se referiam. Isso não pode ser repetido num laboratório.

Assim como se referiu à afirmação de que a alma existe como algo capaz de levar uma pessoa à fogueira - senão literal, pelo menos metaforicamente -, ele também citou uma experiência controlada para verificar a possibilidade da existência dessa parte imaterial do ser humano. Um homem à beira da morte foi colocado numa cama em cima de uma balança. No momento em que morreu, verificou-se que o peso registrado na balança não foi alterado. Assim, se a alma existe e sai do corpo no momento da morte física, certamente ela não tem peso. É uma tentativa até mesmo ingênua, uma vez que estamos falando de valores completamente diferentes, que vão requerer dos cientistas posturas e modos de pensamento muito distantes daqueles aos quais estão eles acostumados.

Na entrevista a seguir, Tom Shroder fala mais sobre seu trabalho com o dr. lan Stevenson.

O fato de você deixar de ser um cético e passar a acreditar na veracidade da reencarnação alterou a forma como você encara a vida?

Primeiramente, quero dizer que meu entendimento básico sobre o assunto não mudou. Eu me aprofundei no trabalho de lan Stevenson com um desejo de examinar seus métodos - para ver as evidências em primeira mão e avaliar sua metodologia e conclusões. Nunca me impressionei com crenças em fenômenos paranormais baseado apenas no desejo de acreditar em algo fantástico ou na sensação de que "tem de existir algo mais".

Isso posto, antes de minhas experiências com o dr. Stevenson, eu não tinha encontrado nenhuma "evidência" sobre a possibilidade da reencarnação que resistisse a tanto escrutínio. Eu estava, sim, muito aberto à possibilidade de que, vistos de perto, os casos de Stevenson poderiam não ser convincentes. Ao estudar esses casos, percebi que uma série de perguntas clamava por respostas:

1 - As crianças realmente haviam feito declarações espontâneas sobre terem tido uma identidade prévia, com informações específicas sobre essa identidade?;

2 - As coisas ditas pelas crianças realmente descreviam a vida de uma determinada pessoa falecida que pudesse ser identificada?;

3 - Existia alguma possibilidade da criança ter obtido aquela informação de uma maneira normal?;

4 - Poderia haver algum motivo, consciente ou não, para que a testemunha estivesse mentindo ou fabricando seus relatos?;

5 - O dr. Stevenson estava conduzindo suas pesquisas de maneira objetiva e razoável?;

6 - As evidências eram fortes o bastante para suscitar alguma outra possibilidade alternativa?

Eu não previ como seria afetado emocionalmente se, depois de considerar os trabalhos de Stevenson cuidadosamente, eu fosse obrigado a concluir que não havia uma explicação normal para tudo que as crianças estavam dizendo e fazendo. Por "explicação normal" eu quero dizer qualquer uma que exclua forças ou processos atualmente desconhecidos da ciência. Quando cheguei a essa conclusão, achei muito difícil aceitar. E ainda acho. O maior impacto das constatações em minha vida foi poder vislumbrar em que grau os seres humanos se enganam acreditando entender seu lugar no universo. Os rápidos avanços da ciência e tecnologia criam a impressão de que estamos nos aproximando de todos os mistérios do mundo. Minha experiência com Stevenson me fez confrontar o fato de que os mistérios do mundo são muito maiores do que aquilo que conhecemos. Se ninguém entende as bases da consciência, de onde ela vem ou mesmo qual é sua natureza (e NINGUÉM entende isso), por que devemos nos surpreender quando certas anomalias surgem em volta dela?

Como foi feito o acompanhamento dos trabalhos do dr. Stevenson?

Stevenson estudou esses casos como um detetive policial. Ele seguiu relatos iniciais até à fonte, entrevistou testemunhas em primeira mão, examinou e, em alguns casos, cruzou informações identificando testemunhas que pudessem corroborar ou discordar de um testemunho-chave. Ele confrontou testemunhos verbais com registros escritos sempre que possível, considerou razões prováveis para uma mentira, ou auto-ilusão, buscou caminhos normais através dos quais a criança poderia ter obtido conhecimento sobre a identidade de uma possível vida passada, buscou conexões ocultas entre a criança e sua família com a família da pessoa falecida. Não apenas isso: um colega de Stevenson aplicou testes psicológicos nas crianças que fizeram relatos sobre vidas passadas e, depois, comparou-os ao teste de crianças comuns. Notavelmente, não surgiu qualquer grau de patologia psicológica naquelas que falavam sobre existências anteriores. Elas se mostraram saudáveis, um pouco mais inteligentes e menos sugestionáveis do que a média. Seus professores as consideraram bem ajustadas, mas os pais não muito. É possível entender que os pais de uma criança que afirme não pertencer àquela determinada família tenham dificuldades para lidar com ela.

Você disse que chegou até as pesquisas do dr. lan Stevenson por meio de uma matéria sobre o dr. Brian Weiss. Em que, exatamente, diferem as pesquisas e resultados obtidos por um e por outro?

Os livros de Weiss falam sobre lembranças de supostas vidas passadas de adultos sob efeito da hipnose. Tais casos não possuem os fatos que tornaram os casos de Stevenson - lembranças espontâneas de crianças pequenas - mais convincentes. Por um lado, os casos de hipnose freqüentemente lidam com vidas em um passado distante, tornando quase impossível confrontá-los com a vida de qualquer pessoa historicamente verificável. Os detalhes na "memória" dos pacientes sob hipnose tendem a ser genéricos, do tipo que qualquer adulto poderia obter em livros de História ou filmes, e repetir como parte do exercício hipnótico. Afinal, pacientes sob hipnose são instruídos a relaxar e deixar sua imaginação assumir o controle. Nenhum dos casos de Weiss mostrou qualquer paciente transmitindo informações que não pudessem ter sido obtidas em livros ou filmes. Assim sendo, por que acreditar que tais pessoas estejam falando sobre vidas passadas verdadeiras e não apenas usando a imaginação para se colocar num cenário imaginado? As crianças de Stevenson, por outro lado, fornecem relatos específicos sobre um passado recente. Quando você tem casos em que crianças bem jovens fazem muitas afirmações específicas sobre nomes, lugares, datas e eventos que batem com a vida de uma pessoa recém-falecida e comprovadamente estranha à família daquela criança, isso não pode ser facilmente explicado.

A que você atribui a resistência da ciência para se aprofundar em qualquer pesquisa referente à reencarnação ou à sobrevivência do espírito após a morte?

Três problemas:

1 - Esse tipo de pesquisa não permite investigação laboratorial. O tipo de fenômeno - declarações espontâneas - não pode ser repetido de maneira programada, ou visto através de um microscópio. Tais casos só podem ser investigados como se faria com um crime, ou processo legal - com entrevistas, cruzando informações de várias testemunhas com evidências documentadas. Embora isso possa ser feito com bastante cuidado, alguém sempre pode descartar o caso como "evidência fantasiosa" e, portanto, não-confiável;

2 - Há uma total falta de evidência sobre qualquer mecanismo através do qual a reencarnação se tornaria possível. Stevenson de modo nenhum afirma poder detectar, com instrumentos objetivos, qualquer tipo de "alma" que estaria trazendo lembranças e atributos pessoais de um certo corpo físico, e tampouco aponta qualquer evidência de forças através das quais uma alma, se existir, possa se transferir de um corpo para outro;

3 - Há sempre um conservadorismo na ciência, uma tendência para não encarar com seriedade qualquer evidência que desafie o atual entendimento de como o mundo funciona. Infelizmente, com freqüência, isso se traduz como falta de vontade para até mesmo considerar tal evidência.

Muitos criticaram os casos de Stevenson sem nem ao menos se darem ao trabalho de examiná-los. Se isso acontecesse, essas pessoas descobririam que crianças de todas as partes do mundo estão fazendo relatos extraordinários. Deveria ser natural alguém desejar saber o que está fazendo com que elas digam tais coisas. Ninguém está afirmando que Stevenson descobriu a melhor maneira possível para examinar tais casos. Talvez exista um modo melhor. Eu sei que nada gratificaria mais o doutor do que alguém lhe dizer qual é.

Na Índia

Trinta e sete anos após iniciar suas pesquisas na índia, o dr. Stevenson voltou ao país em companhia de Tom Shroder para investigar o caso de uma menina de sete anos chamada Preeti. Quando foram à sua casa, o pai, Tek Ram, disse que assim que aprendera a falar, Preeti tinha afirmado para os irmãos: "Essa casa é sua, não é minha. Esses são os seus pais, não os meus". Depois dissera à irmã: "Você só tem um irmão, eu tenho quatro". Disse ainda que se chamava Sheila, e deu os nomes de seus "verdadeiros" pais, implorando para ser levada para casa, na cidade de Loa-Majra, onde Tek Ram e a esposa nunca tinham estado. Eles disseram para ela parar de falar bobagens e ignoraram o caso.

Mas, aos quatro anos, Preeti pediu ao vizinho, um leiteiro, que a levasse para a vila. O leiteiro repetiu a história da menina para uma mulher que havia nascido em Loa-Majra e perguntou se ela conhecia alguém com os nomes que a menina disse que seus pais tinham, e se eles tinham perdido uma garota chamada Sheila. A mulher respondeu que conhecia, e que a filha deles, Sheila, tinha sido morta, atropelada por um automóvel.

A história chegou até a vila e o pai da menina morta foi visitar Preeti. Segundo Tek Ram, ela reconheceu o homem e, mais tarde, quando foi até Loa-Majra, reconheceu outras pessoas.

Quando lhe perguntaram como tinha morrido, Preeti disse: "Caí do alto e morri". Quando lhe perguntaram como tinha ido parar naquele lugar, ela respondeu: "Estava sentada à beira do rio. Estava chorando. Não conseguia achar uma mamãe, então, vim para você". O que não batia com a fala de Preeti era o fato dela dizer que havia caído do alto e morrido, quando se sabia que Sheila tinha sido atropelada. Dias depois, Stevenson e Shroder puderam passar por Loa-Majra e o jornalista ficou sabendo que um relatório sobre a morte de Sheila dizia que ela tinha sido jogada a mais de três metros de altura. Outro detalhe que chamou a atenção é que, no acidente, Sheila tinha se machucado na coxa, e Preeti apresentava uma marca de nascença no mesmo local.

Como cientista responsável que é, o dr. Stevenson reconhece a possibilidade do caso ser explicado por outras teorias que não a reencarnação, mas salienta que, muitas vezes, as únicas evidências possíveis de serem coletadas são aquelas baseadas na memória das pessoas.